segunda-feira, 23 de outubro de 2017

INTOLERÂNCIA: GATILHO ATUAL


Jordan Campos, psicoterapeuta, teve uma postagem publicada na Revista Pazes, sobre a questão do ocorrido em uma escola em Goiânia: um adolescente mata dois colegas de classe e fere outros quatro. Disponível em: <https://www.google.com.br/amp/s/g1.globo.com/google/amp/https://g1.globo.com/goias/noticia/escola-tem-tiroteio-em-goiania.ghtml>. 

Sobre a postagem (disponível em : <http://www.revistapazes.com/11936-2/> ),
discordo, em grande parte, do psicoterapeuta. Logo, concordo no que tange alguns aspectos.

O ímpeto de matar - assim como o de morrer - é, obviamente, acompanhado por vários fatores.
Matar é também a materialização de uma morte de si: a impossibilidade da relação e da convivência com o Outro. É a eliminação da Existência por acreditar na impossibilidade do convívio, do diálogo e da tolerância. É o Não ao poder da argumentação.
O que falo - da mesma forma que o autor menciona - não é por um exame, diagnóstico ou avaliação psicoterapeutica: mas são afirmações de um adulto que sofreu - e sofre - bullying (“ing” - desinência de trauma no gerúndio, o que continua, como bem fala o autor do texto) por ser gay. 
Discordando ainda dele, ainda em parte: ele cita que é salutar “(...) aprender a vencer frustrações se SUBMETENDO a elas de forma sadia e com orientação”. Seriamente, fazendo uma leitura (bio)política (que difere diametralmente de “achismo”), essa não é, definitivamente, a saída. 
Ninguém deve aprender a se SUBMETER para ser aceito. Ter frustrações - e superá-las - se dá com o aprendizado do respeito: mas o respeito que lida com a noção de não dar o controle da sua vida aos outros. Estar no controle de sua vida é saber o que lhe é saudável: e isto não significa ser SUBMISSO AO OUTRO.
Respeito se constrói detectando territórios de poder: é diálogo. É saber que o direito meu precisa ser dialogado quando esbarra no seu. Dever é saber respeitar o espaço do Outro - e se fazer respeitado. Construção de respeito se dá no contexto em que se vive - assim, aqui posso talvez concordar com o psicoterapeuta: o adolescente vive num contexto que, aparentemente ou possivelmente, facilite, auxilie, promova ou desenvolva a intolerância.
Discordo, veementemente, noutro aspecto: mata-se por bullying, assim como por homofobia ou por uma discussão acalorada. Cada um sabe “onde o calo aperta” e, alguns, por não saberem o que é Respeito ou lidar com a falta dele, cometem crimes. Isso não é desculpa para homicídio ou suicídio! Isso não é apologia de violência, é somente um alerta para que nos curemos do ódio ao Outro que a vida nos imputa. Alguém que mata o Outro (ou se mata) é por não enxergar a possibilidade da Relação. E isso pode ser por qualquer razão: desde que se perca a tolerância.
Quando a vida perde o sentido, morre-se ou mata-se - literal ou metaforicamente. 
O garoto, em questão, é vítima - e causador - da anulação do diálogo. E saibamos: extirpar o diálogo é também um crime - literal e metafórico, pois rompe com a possibilidade de Vida (vida como estar EM COMUNIDADE, EM RELAÇÃO com o Outro).
Direito e Dever: saibamos dosar com a abertura ao Diálogo. E isso não é o que se vê hoje. 
A intolerância (movida por ideologias, principalmente) é o maior gatilho para os crimes da atualidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! Te respondo assim que puder.

Thanks for your add! I´ll send you an answer as soon as possible.