domingo, 4 de março de 2018

Entre ISTC e VTNC: uma Isaura

Isaura Tupiniquim ontem deu um show no Theatro Santa Roza (João Pessoa- PB). Literalmente. Sua apresentação me trouxe um sentimento nostálgico - retrô, mesmo. Não sei se pelo visual e pela irreverência meio anos 70, ou se pelas referências múltiplas que me afetaram bastante. Um desleixo organizado e propositalmente reflexivo dos judsonites de Nova Iorque, os gritos de Yoko Ono, o corpo-discurso retumbante dos Dzi Croquetes, o corpo político dos artistas dos EUA na dança de esquerda dos anos 30 e na dança punk dos rebeldes dos anos 80... Referências múltiplas me vieram, necessárias para pensar o mundo de hoje, artisticamente e politicamente.
Corpo místico: orixá brilhante em LEDs ofuscantes; mulher-corpo-deusa-mito-origem; patchwork de sujeitos e ideias; artista, representação e apresentação: tudo junto e misturado. Tudo em uma e uma que está em todXs.
O discurso do corpo de Isaura, o tempo todo, vai nos conectando, nos unindo, metaforicamente, no tecido social e cultural único, reconhecendo nossas singularidades. Somos muitos e diversos - e “ ISTC” ostenta essa ideia num pedestal, dançando.
Para mim, Isaura, a que não é de maneira alguma a escrava, traz o trabalho “ISTC” como algo necessário: alia a fome de viver com a de gritar VTNC para os moralistas de plantão que querem o retorno do “cale-se” no Brasil que há de se Temer.
Embora haja o soluço e o chôro preso do lamento pelos acontecimentos políticos e sociais dos dias atuais, viva a Arte. E viva a dança do corpo que não pode e não quer emudecer o discurso de liberdade. Isaura “samba” - e samba mesmo - (e bem!), e canta: na cara de uma parte da sociedade que devemos nos envergonhar, formada por moralistas e reacionários.



#istc #isauratupiniquim #danca #arte #foratemer

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