Na semana passada, resolvi comprar ingressos para a peça “Tom na fazenda” (Instagram: @tomnafazenda), de Michel Marc Bouchard e direção de Rodrigo Portela. No elenco, Armando Babaioff, Soraya Ravenle, Gustavo Rodrigues e Camila Nhary. As apresentações marcadas para os dias 25 de agosto e 26 de agosto, sempre às 20h, no Theatro Santa Roza, em João Pessoa-PB, tinham ingressos à venda no aplicativo Sympla.
No aplicativo, tive problemas para finalizar a compra no
cartão de crédito. Tentei comprar dois
ingressos de meia-entrada na plateia: um para mim, como professor, e outro para
minha mãe, maior de 60 anos. O sistema avisa que a quantidade reservada de assentos
para meia-entrada já havia sido esgotada. Entretanto, as quatro últimas filas da
plateia do teatro ainda estavam desocupadas. Tento cancelar a compra dos
ingressos. Clico em “cancelar”, mas nada acontece - presumo algum problema no
aplicativo. Repito todo o processo, desta vez, comprando dois lugares nas
frisas. Novamente, o processo não é finalizado; a compra permanecia no status
de “pagamento em processamento”. Como eu não queria perder o espetáculo e a
oportunidade de comprar lugar de melhor visibilidade, e já tendo supostamente cancelado
a compra anterior, tento por Pix, selecionando outros dois lugares nas frisas.
Imediatamente, a compra é confirmada.
Por que estou narrando isso? Acredito que é importante
frisar que a experiência de um espetáculo precede a sua apresentação. Lei de
Murphy: o que pode dar errado, dará. Um dia antes do espetáculo, acesso o
aplicativo Sympla e constam quatro ingressos. Ou seja, os primeiros ingressos
comprados no cartão de crédito não foram cancelados. Resolvo, ainda com bom
humor, presentear duas amigas.
Chegamos ontem às 19h30 minutos ao teatro. Para minha surpresa e alegria,
encontro, como há muito tempo não via, o foyer e a calçada do Theatro
Santa Roza cheios de gente. Entre mais gente desconhecida e "fora do meio" das artes cênicas, encontro também amigues/as/os, conhecidos, alunes/as/os, artistas. Pensamento: é interessante como ter no elenco um ator que trabalhou na Rede Globo atrai
o público. E isso não é uma realidade apenas da capital da Paraíba... É uma
“crença” nacional: o público tem o costume de acreditar na qualidade de um
espetáculo pela presença de um ator que atuou em novela. As produções cênicas
têm consciência dessa “crença”: a maioria das montagens de teatro musical no
eixo Rio-São Paulo têm, ao menos, um protagonista “global”. Talvez se pense que
atuar em televisão seja um passaporte ou carimbo de qualidade: sabe-se que não é verdade. Esse é o caso que
se testemunha em “Tom na fazenda”. Felizmente, o tal “global” é bom ator, embora meio equivocado. Explico mais adiante.
Filas se organizam para acesso à plateia e as frisas do
primeiro e segundo andar. Minhas amigas foram para a frisa da direita, os seus
lugares eram D6 e D4 e eu sigo com minha mãe para a esquerda para acessar os
lugares E3 e E7. Lembro de ter comprado lugares nas frisas que ficavam na
frente dos camarotes, de acordo com a escolha de assentos no ato da compra no
aplicativo Sympla. Esperando indicação para localização dos assentos, uma
conhecida funcionária do teatro diz que não tem como informar onde deveríamos nos
sentar, uma vez que ela não tinha acesso ao mapa de lugares. Fiquei desapontado
ao perceber que muitas pessoas não estavam sentadas nos seus devidos lugares,
pois não sabiam quais eram: as cadeiras e os camarotes não tinham marcação.
Apesar disso, conheço o teatro e tenho boa memória. Questiono
as duas moças que estão nos lugares que eu comprei se elas tinham certeza se
aqueles lugares eram delas. Elas respondem, juntamente com as pessoas do
camarote ao lado, que as cadeiras não têm marcação e que, por esta razão, sentaram-se
nos assentos aleatoriamente. Fiquei visivelmente irritado, pois noto que as
pessoas estão incomodadas com a situação, mas, apesar disso, não manifestaram qualquer
intenção de reclamar com a produção. Vejo a plateia com muitos espaços vazios. E
digo para as pessoas nas frisas: se não há lugares marcados, sentar-me-ei na
plateia. Sigo diretamente para o responsável pela produção e explico o problema.
Ao perceber minha irritação e sem querer discutir a questão, ele
silenciosamente me entrega dois ingressos da plateia e me deseja um bom
espetáculo. Penso: está tudo errado e eles sabem disso. Quem são “eles” a quem
me refiro? Todos nós: público, produção do espetáculo e a equipe técnica do
teatro. Os ingressos de poltronas da plateia, supostamente compram o meu
silêncio. Estratégia de silenciamento: há um problema, vamos abafá-lo. Isso é
muito “a cara” do Brasil.
Sento-me na poltrona da plateia - desta vez, com a devida numeração.
Comento com as pessoas ao lado sobre a situação dos lugares da frisa. Para a
minha indignação, a moça ao lado me diz que, quando eu comprasse o ingresso
pelo Sympla, deveria ter feito um print da tela com o mapa de assentos. Ou
seja: acessar o lugar correto, mesmo que ele não tivesse uma sinalização era,
nas palavras da moça, uma responsabilidade minha. Sorrio. E discordo, explicando
que a conferência e indicação dos lugares dos assentos era uma função da
produção do espetáculo e responsabilidade do teatro. E lamento, com um suspiro,
que a experiência de um espetáculo tão esperado por mim, já estava sendo
desagradável, de partida.
O espetáculo inicia. Atuações, direção, cenografia – de
Aurora dos Campos, luz – de Tomás Riba, e direção musical – de Marcello H., se
destacam pelo cuidado e pela coerência técnico-estética nas escolhas que se
conjugam em um todo harmonioso. Destaque nº1: excelente coreografia de Toni
Rodrigues: profissional exemplar! Você arrasou muito, amigo. Destaque nº 2: as
intérpretes de libras, expressivas, deram um show à parte no proscênio e, por
vezes, chamavam mais atenção do que a cena. Lindas.
Espetáculo termina. O elenco agradece. Armando Babaioff, protagonista
do espetáculo, toma a palavra. Nascido em Recife em 1981, o ator começou os
estudos em teatro aos onze anos de idade, residindo na cidade do Rio de
Janeiro. Ele agradece ao público presente. Agradece a empresa vivo pelo patrocínio.
Elogia a sala de espetáculo do Theatro Santa Roza que, em suas palavras, é uma
das mais bonitas salas de espetáculo do Brasil. Ainda, comenta que, por esta
razão, deveríamos nos orgulhar daquele teatro. Eu, interpelado pela minha
identidade de sujeito paraibano, pessoense e artista, tendo inclusive dançado
naquele palco muitas vezes, grito: “nos orgulhamos!!!”. O ator assente com a
cabeça, tendo ouvido a resposta. O ator acionou a estratégia de interpelação dos
sentimentos identitários do público presente, enaltecendo a beleza daquele
espaço que é símbolo da/na cidade e da sua história. Tendo feito um elogio, logo
em seguida, ele comenta, em tom de reclamação, que apesar disso, teria de
tomar banho em um chuveiro sem água quente. Completa a reclamação, dizendo que
é uma tarefa do público escrever sobre isso, falar sobre isso e exigir a
mudança, uma vez que aquele espaço era público e que o poder público é
responsável pela sua manutenção e isso deve ser cobrado pelo público. Agradece
novamente. Aplausos, novamente. Black out. Fim.
Fico profundamente mexido com o comentário do ator. No calor
do momento, e ainda muito tocado, uma vez que me reconheço como um
sujeito LGBTQIAPNb+ e a peça é sensível sobre a questão gay, homofóbica e sobre
o “armário”, não tinha me dado conta ainda de que a experiência do espetáculo
não se encerrava ali. Saindo da plateia, caminho com a minha mãe em direção ao
carro. Encontro com alguns alunos meus dos cursos de bacharelado em teatro,
licenciatura em teatro e licenciatura em dança do Departamento de Artes Cênicas
da UFPB. Com um deles, comento a questão da falta de organização sobre os
lugares das frisas do teatro e como isso afeta a experiência. Uma aluna
comentou o aborrecimento com a situação, tendo assistido o espetáculo em um dos
camarotes das frisas, fora do lugar que comprou. Pergunto o porquê de ela não
ter procurado alguém da produção, do mesmo modo que eu fiz, para reclamar da
situação. E ela explica que percebeu que todos estavam na mesma situação e que
não conhecia ninguém da produção para que ela pudesse fazer a reclamação (?). Penso: e precisa conhecer alguém, gente?
Lamento, novamente. Calado, penso sobre a cultura do silenciamento
que paira sobre nós. Sobre a infelicidade de sermos cidadãos tão oprimidos como
nordestinos que não sabemos nos posicionar diante de um desrespeito. Nesse
sentido, percebo que minha sensação de estranhamento com o discurso de Babaioff no palco do antigo Theatro Santa Roza, monumento centenário e ainda
vivo para/na cidade e continuamente recebendo produções cênicas de todos os
lugares do Brasil, tinha certo fundamento.
Vamos lá: recordar é viver. O ator aparentemente exortou a
identidade local, elogiando, à princípio, aquela casa de espetáculo. Logo em
seguida, aponta um “problema” na estrutura do Theatro: a falta de um chuveiro com
água quente. No discurso, o ator ainda diz que é responsabilidade daquele
público questionar o governo e cobrar dele sobre uma devida manutenção daquele
espaço. Seu discurso não esconde seu sentimento de indignação e de se sentir desrespeitado.
Percebo agora como esse discurso, em certa medida xenofóbico é, inclusive,
indicador de uma visão bem estereotipada do Sudeste sobre o Nordeste e o nordestino:
de uma passividade política, indolência, falta de cuidado com sua identidade e com
seus símbolos culturais.
Em outras palavras, está explicitado no discurso ideológico
de Babaioff que o público paraibano e pessoense precisa “despertar” sobre sua
responsabilidade política e cultural como cidadão. O ator esquece, em seu
discurso verticalizado - e pouco contextualizado (para não dizer mal educado, mesmo... Ih, pronto, já disse) – a relevância cultural da Paraíba no
país. Vendo o paraibano de cima para baixo – na verdade, de baixo para cima, ou
seja, do Sudeste para o Nordeste, ou, talvez também, de Recife (cidade natal do
ator) para João Pessoa – ele se espanta com a beleza da nossa sala de
espetáculos, como se fosse algo inusitado (?!?) na Paraíba.
Ainda, esquece que somos um povo engajado politicamente. Nem
deve ter passado por sua percepção de que os cidadãos paraibanos, especialmente
os artistas que frequentam aquele teatro, estão cientes de que o “Santa Roza” é
uma casa de espetáculos centenária e que, por esta razão, há reparos mais
urgentes na casa do que a instalação de um chuveiro elétrico. Então... Já há alguns
anos, os artistas da cena paraibanos e pessoenses estão tomando banho frio, Sr.
Ator Global. Concordo em um aspecto: há de se melhorar, sempre. Mas, entenda: o
mundo não é sobre seu banho frio. De novo e, ainda talvez, seu discurso fosse mais
bem recebido se você reivindicasse, simplesmente, respeito à classe de artística.
Justo. Sempre. Mas escolheu ir em outra direção – e soou estranho, preconceituoso
e repleto de ar senhorial e magistral: parecia estar “ensinando” ao público
paraibano e pessoense que esteve presente, na casa lotada, sobre cidadania ao cobrar
dos políticos por um chuveiro elétrico e sobre identidade cultural, ao
mencionar que o público precisava “se orgulhar” daquele espaço. Meu querido, o
Santa Roza sempre foi motivo de orgulho. Sabemos o nome dele e o que ele
carrega de herança cultural, ao contrário de você que sequer mencionou o nome
do teatro - e também não agradeceu aos funcionários que compõem a equipe
técnica daquela casa. Outro fator que você talvez desconheça é que o teatro
passará por uma reforma e que essa, sim, deve ser uma prioridade: manter a sua
estrutura “de pé”. É, também, sobre prioridades.
É sobre silenciamento: quis retrucar, mas resolvi acalmar
meus ânimos para não entrar em conflito. E noto que fiz mal: estou, agora,
1h30min da madrugada do sábado, dia 26 de agosto, escrevendo esse desabafo.
Mexeu com minha identidade. E deveria ter mexido profundamente com todos ali que,
de maneira impressionante, aplaudiram Babaioff, aparentemente concordando com a
necessidade do chuveiro com água quente. E mais: acredito que seja até possível
que se instale até o final do dia o tal chuveiro com água quente, para que o
ator global possa tomar seu banho. Afinal, o discurso de um ator global e sua
reclamação sobre um banho frio tem mais impacto junto ao poder público pela sua
visibilidade do que o discurso de um artista pessoense e paraibano que já está
acostumado a tomar banho frio - quando não falta água, obviamente. Curiosamente,
vale ressaltar que estive em temporada carioca com o “Mágico de Oz” durante
quase um ano no Teatro João Caetano – um dos maiores daquela cidade. Não era
sempre que os chuveiros funcionavam. E não era sempre que os ralos estavam
desentupidos. O mesmo acontecia no Teatro Oi Casagrande, onde estive também em
temporada com “Um violinista no telhado”, inclusive, com Soraya Ravenle no
elenco como protagonista ao lado de José Meyer (lembra dele? O Valdemort da televisão brasileira: "aquele que não se pode dizer o nome"). Aliás, Soraya é sempre ótima e
está maravilhosa como a mãe da personagem Tom - e ainda dá uma “canja”,
cantando um pouco numa das cenas do espetáculo. Apesar disso, o excelente
talento para o canto da atriz passa quase despercebido em “Tom na fazenda”.
Vale lembrar que é, logo mais tarde, a segunda apresentação
do espetáculo na colônia parahybana, explorada, inclusive, pelos péssimos
serviços da Vivo que se juntam aos também péssimos serviços da Tim e da Claro –
sem esquecer do péssimo serviço do Sympla. Cuidado quando for comprar seus
ingressos – escolha bem seus assentos e tire print screen do mapa
(risos, muitos). E chegue com antecedência ao teatro: você pode ter a infeliz
surpresa de não sentar no assento que você comprou nas frisas. Mas, se isso acontecer,
faça como eu: procure alguém da produção do espetáculo – o Flávio (ops, falei o
nome) – e peça para ele resolver o assunto. Provavelmente, você será
silenciado(a) com um ingresso de plateia.
É sobre respeito: dando se recebe? Não nessa ordem - e não
necessariamente. Vamos lá, de novo... Resumo. Desrespeito foi o que o público
paraibano recebeu na experiência do espetáculo “Tom na fazenda” na cidade de
João Pessoa, desde a venda de ingressos ao discurso de agradecimento
pós-espetáculo. Elogios, também: o Theatro Santa Roza foi "reconhecido" (whathafuck?!?)
por Babaioff, representando todo o elenco de “Tom na fazenda”, como um dos teatros
mais bonitos do Brasil – como se nós, paraibanos, não soubéssemos... E o mesmo
elenco/ator exalta que deveríamos nos orgulhar do teatro e que, implicitamente,
o chuveiro sem água quente é sintoma de uma “falta de orgulho” do paraibano com
essa casa de espetáculos e, consequentemente, com a sua identidade cultural,
que reflete um descuidado com o patrimônio.
Lições coloniais. E que o público apre(e)nde bem.
Infelizmente, nenhum espectador das frisas reclamou de estar fora do lugar que
comprou. Sentou-se onde se sentou, num lugar melhor ou pior do que o que
comprou. E se calou. E assistiu. E ouviu reclamação e lição de “cidadania”. E,
mesmo assim, aplaudiu. E, provavelmente, só pensa em retornar ao teatro para
ver uma peça que tenha outro ator global, sem nem saber que isso só poderá
acontecer após a reforma do teatro, que, inclusive, pode não conter chuveiro com
água quente no projeto, simplesmente, porque isso pode não ser tão importante.
Afinal, o que é um chuveiro de água quente perto de uma reforma estrutural.
Somos uma capital de clima quente, apesar de ventilada. E de praias de águas
mornas. E, como artistas, estaremos “de boa” com banhos frios em chuveiros de
ralos entupidos em teatros cariocas, afinal, lá nós somos corpos forasteiros:
se o carioca toma banho frio nas águas congelantes da praia de Ipanema, por que o banho
frio em um chuveiro em João Pessoa incomoda tanto?
Explico: é sobre identidade, que rima, aqui, com colonialismo. Herança da
corte, mesmo... E olha que o moço nem é carioca “de verdade”, mas absorveu bem
o discurso do rei: autoritário, pouco relativista e/ou problematizador. Autoritário? Sim. Falar o que quer, virar as costas e sair, configura exercício de poder. Por isso, em muitas práticas pedagógicas em artes cênicas, exercitamos a "roda de conversa". Mas isso é outro assunto.
“Tom na fazenda” está em cartaz há três anos e é uma peça
vencedora de prêmios nacionais e internacionais. Passou em temporada por muitas
cidades. É muito importante que tenha sido apresentado em palco paraibano. Mas
é estranho que tenha acontecido problema como a questão dos assentos/ingressos:
é muito básico para uma produção experiente. Ainda, é estranho a reclamação do
chuveiro. É discurso muito pequeno diante de um país tão diverso e desigual. E
em uma Paraíba de gente pobre e que nunca poderá assistir “Tom na fazenda”,
afinal, o ingresso mais barato custava 60 reais (mais precisamente 63 reais e
25 centavos, incluindo a taxa do aplicativo). Sem falar que é um Estado com
cidades que carecem de água, não importando a sua temperatura.
É sobre as artes da cena e aspectos éticos e pedagógicos: a necessidade de se estudar e entender o
contexto antes de qualquer crítica; não hierarquizar cultura; dar-se o respeito
em todas as fases do trabalho como artista da cena, seja qual for a sua função
na ficha técnica, da pré-produção à pós-produção; respeitar o público – ele é a
razão de existir um profissional das artes cênicas; exigir respeito, com devido
conhecimento do contexto, para não pensar que um possível traço cultural – ou prioridades
mais urgentes e mais importantes que você (e que um banho quente, numa cidade
situada quase na linha do Equador) - sejam compreendidas como desrespeito.
Era uma vez um teatro que vendia ingresso com assento fixo e não entregava o serviço que vendia... E um chuveiro sem água quente nos camarins. Tudo pode ser entendido como desrespeito. Mas é mais sobre identidade e silenciamento: uns falam, outros calam. Spivak é quem faz a pergunta que não quer calar: pode um subalterno falar?
Antes que eu esqueça: quem sou? Falo do lugar de pessoense, paraibano, nascido em 1975. Passei 28 anos como morador do Rio de Janeiro, tendo saído de João Pessoa aos 18 anos e regressado, definitivamente, em 2016. Trabalhei como artista da dança em produções no eixo Rio-São Paulo, tendo, a exemplo de Babaioff, feito graduação no Rio, no meu caso, em Dança. Sou especialista e mestre em Dança e doutor em Comunicação e Semiótica (PUC-SP) e professor do magistério superior. Sinto-me paraibano, apesar de ter passado maior parte da minha vida no Rio. Entendo bem as diferenças e similaridades culturais entre o Rio e João Pessoa, porque tive a experiência. Minha vida é, basicamente, um estudo de caso sobre isso ou uma "pesquisa-ação" de cunho etnográfico (risos, muitos). Exercício de re-existência e de sobre-vivência: viado, paraibano e bailarino. Há quem pense, nesse momento, em parafrasear o humorista Paulo Gustavo: "ah, tadinhaaa! Que barra". Nada: é "de boas".
É sobre isso: banho frio, principalmente, como metáfora. E viva o teatro - e o Theatro.
Arthur Marques
Instagram: @artmaralnet